A prótese de quadril foi considerada a cirurgia do século XX pela revista Lancet. Ela é extremamente eficaz para diminuir a dor dos pacientes que sofrem com artrose (desgaste) do quadril. Os resultados da prótese são excelentes, e os pacientes retornam à sua atividade de vida diária sem dor; muitos, inclusive, com a retomada da prática esportiva.
Na busca por um resultado ainda melhor, uma técnica menos invasiva conhecida como “via anterior” ou “acesso anterior direto” foi desenvolvida. Uma via cirúrgica é o “caminho” que o cirurgião faz para chegar na articulação.
Tradicionalmente, as vias utilizadas na prótese de quadril são a lateral (pelo lado) e a posterior (por trás).
Na via lateral é necessário o descolamento (desinserção) do músculo glúteo médio, enquanto na via posterior realiza-se o descolamento dos músculos rotadores externos. Em ambos os casos, os tendões são recolocados no lugar ao término da cirurgia.
Já na via anterior, os músculos são apenas afastados. Como não há separação ou corte de músculos ou tendões, a recuperação do paciente é facilitada. Os pacientes apresentam menos dor no pós-operatório inicial, e recuperam-se mais rápido. De forma geral, isso também permite que o paciente vá para casa mais cedo.
Os índices de luxação (quando a prótese desencaixa) são muito baixos nesta técnica, permitindo que os cuidados no pós-operatório inicial sejam menos rigorosos.
Além disso, a total preservação dos músculos do lado do quadril (abdutores) significa uma boa manutenção da força, o que significa menor chance do paciente mancar após a cirurgia.
Ainda em 2016 realizei meu primeiro treinamento internacional nessa técnica, no centro de treinamento da Stryker, nos EUA.
No início de 2020 realizei novo treinamento internacional nessa área. Passei um mês completo no serviço de ortopedia da Universidade de Berna (Suíça), onde o acesso anterior direto é utilizado rotineiramente.
Em 2023, visitei o Prof Kristoff Corten na Bélgica, referência mundial nesta técnica; e desde então tenho realizado prótese de quadril por via anterior com maior frequência, com resultados excelentes. Os conceitos e princípios desenvolvidos e disseminados pelo Dr Corten são conhecidos por “Acesso anterior direto eficiente”.
Os pacientes ficam muito satisfeitos e empolgados com a própria recuperação. Também recebi feedback positivo dos parceiros fisioterapeutas que atuam na reabilitação dos nossos pacientes.
Como é a recuperação após a cirurgia?
Já no mesmo dia ou no dia seguinte à cirurgia o paciente é estimulado a caminhar com o auxílio de andador ou muletas. Na maioria das vezes, recebe alta em 1 ou 2 dias e realiza Fisioterapia para acelerar sua recuperação.
O paciente toma analgésicos caso tenha dor e é prescrito o uso de anticoagulantes por um mês, para evitar a ocorrência de trombose venosa.
O primeiro retorno é realizado com cerca de 15 dias de cirurgia. Outros retornos serão realizados no consultório, para se avaliar a cicatrização da ferida operatória, evolução da força muscular e radiografias da prótese.
É importante a avaliação de cada caso de desgaste. Alguns pacientes com quadros muito avançados e alguns tipos raros de deformidade não são bons candidatos para esta técnica.
No entanto, é preciso citar algumas desvantagens:
- Uma cicatriz localizada na parte da frente do corpo, na virilha (mas que pode ser encoberta pela roupa íntima.
- A possibilidade de uma alteração da sensibilidade da parte anterolateral da coxa.
- Nem todo paciente é um bom candidato: por exemplo, ela pode não ser ideal para pessoas muito obesas ou muito musculosas;
- Necessidade de instrumentos e materiais específicos para execução da cirurgia;
Na maioria dos casos, as vantagens da via anterior são maiores que estas desvantagens. Converse com o médico para entender melhor.
De maneira geral, a prótese total de quadril tem excelentes resultados no tratamento da dor do paciente com desgaste do quadril. A via anterior vem melhorar ainda mais estes resultados e possibilitar um retorno mais rápido às atividades.
Ortopedia e Cirurgia do quadril em Goiânia
O Dr. Fernando Ferro é graduado em Medicina pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Possui Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IOT HC FM USP).
É membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Quadril (SBQ).
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