Introdução
A dor trocantérica representa uma das queixas mais frequentes no consultório ortopédico, afetando principalmente a região lateral do quadril. Esta condição, muitas vezes chamada de bursite trocantérica, pode causar desconforto significativo e impactar diretamente a qualidade de vida dos pacientes.
Compreender as causas, sintomas e opções de tratamento da síndrome da dor trocantérica é fundamental para pacientes que enfrentam este problema, permitindo uma abordagem terapêutica mais eficaz e direcionada.
Vídeo Explicativo: Dor Lateral do Quadril
🔥 DOR LATERAL DO QUADRIL – REGIÃO TROCANTÉRICA EXPLICADA
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Anatomia da Região Trocantérica
A região trocantérica é sede frequente de dor ao redor do quadril. O trocanter maior é uma proeminência óssea que fica na parte superior e lateral do fêmur. A causa mais comum de dor nessa região é a inflamação de uma das bursas – daí vem o nome “bursite”. Trata-se de uma das queixas mais comuns no consultório ortopédico.
O que é uma Bursa?
Mas o que é uma bursa? Bursa é um tipo de tecido presente em diversas partes do corpo humano. Sua função é amortecer e suavizar o contato entre estruturas que tendem a ter impacto e/ou fricção entre si. Na região trocantérica, é comum haver fricção entre a banda iliotibial e o trocanter maior, o que pode causar irritação dos tendões glúteo médio e mínimo, localizados na região.
A fricção pode causar irritação e inflamação da bursa que envolve esses tendões, o que chamamos então de bursite. É importante entender que este processo inflamatório não se desenvolve de forma isolada, mas como resultado de desequilíbrios biomecânicos e sobrecarga da região.
Síndrome da Dor Trocantérica: Conceito Ampliado
No entanto, a bursa não é a única fonte de dor nessa região. A dor pode ser proveniente de degeneração dos tendões glúteos (tendinose), inflamação desses tendões (tendinite), acúmulo anormal de cálcio (tendinite calcária) e até mesmo ruptura desses tendões. Por isso, o nome mais adequado a ser utilizado é “síndrome da dor trocantérica”.
Por fim, vale ressaltar que outros tipos de problemas podem causar dor nessa região, dificultando o diagnóstico: artrose do quadril, ressaltos, distensões musculares diversas, patologias lombares são alguns exemplos. Esta complexidade diagnóstica torna fundamental a avaliação por um especialista em quadril.
Principais Causas da Dor Trocantérica
De maneira geral, a dor trocantérica é agravada por pressão direta e movimentação exagerada na região. O início da dor nem sempre ocorre após um evento traumático específico, ou seja, a dor se instala de maneira gradativa.
Fatores de Risco Principais:
- Sedentarismo prolongado com ganho progressivo de peso
- Maior incidência em mulheres devido ao padrão de acúmulo de gordura na região
- Alterações no padrão da caminhada devido a outros problemas
- Dores na coluna lombar que alteram a biomecânica
- Diferença de comprimento entre os membros
- Artrose no joelho ou quadril
- Entorses recorrentes do tornozelo
A maioria dos casos de dor trocantérica têm sinais degenerativos (tendinose) dos tendões do glúteo médio e mínimo. Nesses casos, ocorre sobrecarga de um dos quadris, desencadeando então a bursite trocantérica.
Sintomas Característicos
O sintoma típico é dor na região lateral do quadril afetado. A dor piora após uma caminhada prolongada e costuma piorar na posição sentada. É comum haver sensibilidade exagerada ao toque na região e o paciente não consegue deitar sobre o lado afetado.
Sinais e Sintomas Específicos:
- Dor lateral no quadril que pode irradiar pela coxa
- Piora da dor após caminhadas prolongadas
- Desconforto ao permanecer sentado por períodos longos
- Impossibilidade de deitar sobre o lado afetado
- Sensibilidade aumentada ao toque na região lateral do quadril
- Perturbação da qualidade do sono
- Dificuldade para realizar atividades físicas
Por esses motivos, esse problema pode perturbar significativamente a qualidade do sono, dificultar a realização de atividades físicas e prejudicar substancialmente a qualidade de vida do paciente.
Diagnóstico e Exames Complementares
Na maioria das vezes, o diagnóstico da “síndrome dolorosa trocantérica” pode ser estabelecido através de uma adequada entrevista médica e exame físico. No entanto, exames complementares são fundamentais para confirmar o diagnóstico e planejar o tratamento mais adequado.
Exames Recomendados:
- Radiografias: Importantes para descartar alterações ósseas e articulares, como a artrose do quadril e alterações na coluna
- Ultrassonografia: Capaz de evidenciar alterações em tecidos moles, como as bursas e os tendões da região
- Ressonância Magnética: O melhor exame nesses casos, capaz de identificar sinais de tendinose, tendinite, extensão do processo inflamatório e rupturas dos tendões
Opções de Tratamento
O tratamento clínico (sem cirurgia) costuma ter sucesso na maioria dos pacientes. A abordagem terapêutica deve ser individualizada, considerando a severidade dos sintomas e as características de cada paciente.
Tratamento Conservador:
- Medicamentos anti-inflamatórios: Primeira linha de tratamento para controle da dor e inflamação
- Fisioterapia específica: Fundamental para tirar o paciente da “crise de dor” e fortalecer a musculatura
- Controle do peso: Tratamento da obesidade quando presente
- Fortalecimento muscular: Da musculatura do quadril e bacia para alívio duradouro dos sintomas
- Modificação de atividades: Evitando movimentos que exacerbem os sintomas
Na maioria dos casos, o tratamento da obesidade e fortalecimento da musculatura do quadril e bacia são importantes no alívio duradouro dos sintomas, de maneira a evitar o uso prolongado e abusivo de medicamentos, além de prevenir novas crises de dor.
Infiltrações (Injeções)
Casos que não melhoram podem se beneficiar de infiltrações – injeção de medicamentos diretamente na região dolorosa. É importante salientar que a infiltração não oferece alívio se não for realizada no local correto, por profissional habilitado.
Além disso, a realização de múltiplas infiltrações pode causar aumento da sensibilidade local e degeneração dos tendões, agravando o problema no longo prazo. Por isso, este tratamento deve ser criteriosamente indicado e executado por especialista experiente.
Tratamento Cirúrgico: Artroscopia
Para casos refratários, que não melhoram com as medidas conservadoras, temos a opção do tratamento por vídeo-artroscopia. Trata-se de técnica minimamente invasiva, através da qual é possível desbridar (limpar e remover) os tecidos inflamados.
Vantagens da Artroscopia:
- Técnica minimamente invasiva
- Desbridamento preciso dos tecidos inflamados
- Identificação e reparo de tendões rompidos
- Recuperação mais rápida comparada à cirurgia aberta
- Menor risco de complicações
Além disso, através dessa técnica é possível identificar tendões rompidos e também repará-los através de técnicas específicas de sutura, oferecendo uma solução definitiva para casos complexos.
Prognóstico e Recuperação
O prognóstico da síndrome da dor trocantérica é geralmente favorável quando o diagnóstico é realizado precocemente e o tratamento adequado é instituído. A maioria dos pacientes apresenta melhora significativa dos sintomas com o tratamento conservador.
É fundamental que os pacientes compreendam que a recuperação completa pode levar algumas semanas ou meses, dependendo da severidade do caso e da aderência ao tratamento proposto. A participação ativa do paciente no processo de reabilitação é essencial para o sucesso terapêutico.
Prevenção
Medidas Preventivas Importantes:
- Manutenção do peso ideal: Reduzindo a sobrecarga sobre as estruturas do quadril
- Exercícios regulares: Fortalecimento da musculatura do quadril e core
- Alongamentos específicos: Principalmente da banda iliotibial e músculos do quadril
- Correção de desequilíbrios: Tratamento de problemas na coluna, joelhos ou tornozelos
- Ergonomia adequada: No trabalho e atividades do dia a dia
Quando Procurar um Especialista
É recomendável procurar avaliação médica especializada quando:
- A dor lateral do quadril persistir por mais de duas semanas
- Houver limitação significativa das atividades diárias
- A dor interferir na qualidade do sono
- Não houver melhora com medidas iniciais de repouso e anti-inflamatórios
- Ocorrerem sintomas associados como fraqueza ou formigamento
Conclusão
A síndrome da dor trocantérica é uma condição comum que pode impactar significativamente a qualidade de vida, mas que possui excelente prognóstico quando adequadamente diagnosticada e tratada. O tratamento conservador é eficaz na maioria dos casos, reservando-se as opções cirúrgicas para situações específicas.
O diagnóstico precoce e o tratamento multidisciplinar, envolvendo médico especialista, fisioterapeuta e, quando necessário, outros profissionais de saúde, são fundamentais para o sucesso terapêutico e prevenção de recidivas.
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Sobre o Autor
Dr. Fernando Ferro
CRM-GO 12924 | TEOT 12771 | RQE 9578 – Ortopedia e Traumatologia
O Dr. Fernando Ferro é especialista em Cirurgia do Quadril. Graduado em Medicina pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), realizou Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IOT HC FM USP). Possui especialização em Cirurgia do Quadril pelo IOT HC FM USP e especialização em Artroscopia e Biomecânica do Quadril com o Dr. Marc Philippon no Steadman Philippon Research Institute (SPRI) e Steadman Clinic, em Vail, Colorado, EUA. É Mestre em Ciências pelo Programa de Ciências do Sistema Musculoesquelético da Universidade de São Paulo. Concentra sua atuação no tratamento de artrose do quadril, impacto femoroacetabular, artroscopia do quadril e artroplastias.